Na morte de Júlio Pomar: tributo | Fundação EDP

Na morte de Júlio Pomar: tributo

O artista
O artista na exposição "Uma Pátria Assim", de Vitor Pomar. Museu da Eletricidade, 2012.

 

A morte de Júlio Pomar representa uma grande perda para a cultura e a arte portuguesas, de que ele era, desde há tantas décadas, uma figura fundamental.

A sua vida foi exemplar pela fidelidade a um destino artístico e a um sentido de liberdade que lhe era inseparável. Foi uma vida grande aliada a uma grande obra.

Nas duas, encontram-se os tempos portugueses e os tempos do mundo, confrontando-se nelas os dramas e as alegrias de um século carregado de todos os perigos e aberto a todas as esperanças.

Para Pomar, a arte foi sempre a criação de uma lucidez visual da vida, de uma consciência consequente do mundo, de um testemunho tenso, denso e tenaz, de uma atenção firmada no compromisso humano e na invenção das formas. Por isso, a sua criação artística e a sua intervenção política eram o verso e o reverso da moeda com que pagamos a responsabilidade de sermos homens e de estarmos no mundo.

A Fundação EDP tem muitas razões de gratidão para com Pomar. Sempre que lhe batemos à porta, ela abriu-a para nos ceder obras suas para exposições que fizemos ou para nos dar o seu conselho sábio, certo e, às vezes, irónico.

No momento da sua morte, que é um tempo de luto, silêncio e recordação para todos os que encontram na arte uma razão para dar melhor futuro ao presente, prestamos um sentido tributo de admiração e reconhecimento à sua memória. E apresentamos as nossas mais sentidas condolências à sua família, amigos e admiradores.

Estamos certos de que a morte de Júlio Pomar dá à sua obra aquele alcance histórico e aquela visão totalizadora que ainda mais a engrandecem, afirmam e consagram.

Hoje, desapareceu um nosso contemporâneo capital, que tivemos a honra de conhecer, ver, escutar e admirar. Mas as suas pinturas, desenhos, poemas, ensaios continuarão a dizer-nos que aqueles olhos fulgurantemente inteligentes olharam longamente o mundo, legando-nos as provas de um olhar que viu para além da sua própria morte.

 

A FUNDAÇÃO EDP

22 Maio 2018