Na morte de Lourdes Castro | Fundação EDP

Como todos os grandes artistas, Lourdes Castro foi uma artista única e irrepetível - pela originalidade, pela autenticidade, pela procura, pela descoberta. Como todos os grandes artistas, deu à arte novas maneiras de ver e novas maneiras de fazer, concedendo-lhe assim novos inícios.

Depois de andar pela Europa, onde viu o que aqui não via,  conhecendo, experimentando e criando, regressou à Madeira, sua ilha natal, para viver nesse outro mundo que é a casa e o jardim criados por si e por Manuel Zimbro. Ali, era como uma fada no seu reino encantado de onde o mar se vê como uma adivinha.

O seu diálogo com as luzes e as sombras foi uma conversa constante, confirmando aquilo que afirmava Fernando Pessoa, pela voz de Alberto Caeiro, irmão espiritual dela: “Sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo”, dizendo também: “Porque eu sou do tamanho do que vejo / E não do tamanho da minha altura…”

Com uma sabedoria subtil, na qual se reconhecem passados e futuros, ocidentes e orientes, terras e céus, femininos e masculinos, certezas e dúvidas, visões e previsões, densidades e transparências, a sua obra é o centro de um enigma claro que nos mostra o nome que não diz.

Nesta obra, estão presentes os três reinos da natureza, os quatro elementos do universo, os cinco estados da matéria, os cinco sentidos do corpo, as seis pontas da estrela e os sete dons do espírito.

A Fundação EDP manteve com Lourdes Castro uma relação de colaboração e amizade de que se orgulha. Entre outros marcos dessa ligação, foi-lhe atribuído, em 2000, o primeiro Grande Prémio Fundação EDP Arte; produzimos e apoiámos exposições; a sua obra está representada na nossa Coleção de Arte; foi ela que nos cedeu o livro de artista que constitui o portfólio do número 1 da revista Electra. 

A morte de Lourdes Castro representa uma perda fundamental para a arte contemporânea. Para os seus amigos e admiradores, sem ela, o mundo fica mais pobre.  

A grandeza e a importância da obra da autora do “Grande Herbário das Sombras” exige que continuemos o nosso trabalho para a sua afirmação e projeção em Portugal e no mundo.

A Fundação EDP manifesta o seu sentimento de pesar pela morte de Lourdes Castro e reafirma a sua fidelidade à memória da grande artista e à obra que, mesmo na sua ausência, a manterá presente, continuando a fazer o nosso encantamento.

 

A FUNDAÇÃO EDP

08 Jan 2022